23/03/2009

Mais um caso triste

Judiciária desmonta corrupção
em jogo da 3.ª Divisão


Árbitro, sargento do Exército, foi aliciado por alegado intermediário do Coimbrões, que foi apanhado em flagrante

Uma tentativa de aliciamento de um árbitro foi fatal para um suposto intermediário de um clube da 3.ª Divisão Nacional de futebol. O visado denunciou o caso à Polícia Judiciária e foi montada uma cilada para apanhar o corruptor em flagrante.

A detenção do indivíduo aconteceu anteontem, um dia antes do jogo Serzedelo-Coimbrões, da série B da 3.ª Divisão, que terminou empatado (1-1). O alvo da tentativa de corrupção desportiva foi o árbitro João Paulo Cabral, da Associação de Futebol de Vila Real.

De acordo com informações recolhidas pelo JN, os contactos com este árbitro - que é sargento do Exército - foram efectuados por um alegado emissário do Sporting Clube Coimbrões, de Gaia, que não faz parte dos órgãos directivos. Terão sido iniciados na passada quinta-feira e consumados através de um familiar do árbitro. Estas abordagens foram feitas através de telefonemas.

O Coimbrões, através do seu presidente, afirma desconhecimento e nega qualquer envolvimento no episódio, garantindo que, se houve abordagem ao árbitro, foi efectuada à revelia do clube (ver mini-entrevista).

Quando soube da proposta, o visado fez questão de denunciar o caso junto do presidente do Conselho de Arbitragem da Federação de Futebol. "Fui avisado pelo árbitro e dei-lhe indicações para participar o caso à PJ", confirmou, ao JN, Carlos Esteves.

O responsável pela arbitragem federativa - que chegou a ser arguido no Apito Dourado - manteve a nomeação para o Serzedelo-Coimbrões, realizado na localidade próxima de Guimarães, e mandou um assessor observar o jogo.

Até à hora do fecho desta edição, o JN não conseguiu confirmar vários pormenores sobre a detenção do alegado intermediário, bem como a oferta concreta ao árbitro. Sabe-se, porém, foi organizada uma operação para uma detenção em flagrante.

O jogo Serzedelo-Coimbrões afigurava-se importante para o clube de Gaia, uma vez que lutava por se manter entre os seis primeiros da 3.ª Divisão, entrando assim numa nova fase em que discute a subida à 2.ª Divisão. Caso contrário, ficava sujeito a lutar por não descer aos distritais. Face ao resultado obtido (1-1), o Coimbrões terminou em sexto lugar.

O JN tentou contactar o árbitro visado, mas um seu familiar explicou que João Cabral "não sabe de nada", não querendo comentar e remetendo esclarecimentos para o Conselho de Arbitragem.

Contactado o presidente do Serzedelo, José Antunes, disse não saber do caso. Assumindo não ter gostado da actuação, notou que o árbitro "pediu segurança após o jogo" para entrar no balneário, num jogo ao qual assistiram cerca de 300 pessoas.

notícia JN

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