10/02/2009

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“Profissionalização na arbitragem é o passo que falta dar a Portugal Diz o Mestre Pedro Henriques”

Criar uma nova metodologia de treino para os árbitros, ao nível físico, técnico e táctico é um dos objectivos inerentes à tese de mestrado do árbitro português Pedro Henriques e passamos a sitar.

“Pretendo ‘mexer’ no modelo, que está um bocadinho ultrapassado mesmo em termos da própria formação, ou seja, desde que os árbitros começam até que atingem a primeira divisão”, referiu Pedro Henriques a O Figueirense, aquando da palestra intitulada “Treino da Tomada de Decisão de Um Árbitro de Futebol”, realizada no auditório da Misericórdia – Obra da Figueira, no passado dia 23, na qual o árbitro português apresentou a sua tese de mestrado que lhe confere o grau de Mestre em Gestão da Formação Desportiva.
Organizada pelo Núcleo de Árbitros de Futebol da Figueira da Foz (NAFFF), esta iniciativa inseriu-se no programa de formação que o Conselho de Arbitragem da Associação Futebol de Coimbra (AFC), em conjunto com os núcleos, realiza no início de cada época desportiva.

Recriar situações de jogo:
Para um público maioritariamente jovem, o juiz de arbitragem português explicou a nova metodologia de treino que está subjacente à sua tese de mestrado.
“No fundo é agarrar em situações de jogadores, que foram estudadas e analisadas – pontapé de baliza, grande penalidade, canto – trazê-las e recriá-las para o treino”. Por outro lado, defendeu Pedro Henriques, “o árbitro deve treinar a tomada de decisão”, ou seja, treinar os seus posicionamentos perante uma situação de decisão.
“Mas está sobretudo a tomar a decisão, com a grande vantagem que tem logo ali um feedback: dos que estão a assumir o papel de jogadores, dos outros árbitros e do próprio técnico de arbitragem que está a jogar”, explicou.

Revolucionar a formação
Aproximar a realidade do treino da competição é um dos objectivos desta metodologia apresentada por Pedro Henriques que pretende, também, “revolucionar a formação e a formatação que os árbitros têm ao longo da vida”, frisou.
Actualmente, esta técnica é já praticada ao nível do futebol profissional, nos centros de treino do país mas, para Pedro Henriques, “tem que ser trazida para a formação para que desde o princípio os árbitros comecem a treinar, efectivamente, a arbitragem durante a semana e não só ao fim-de-semana”, destacou, salientando que a implementação desta prática na área da formação “implica mexer com tudo o que é o sector da arbitragem”, nomeadamente criar “locais onde as pessoas possam treinar”.

Profissionalização da arbitragem:
No que diz respeito à arbitragem portuguesa, Pedro Henriques foi peremptório ao afirmar que “está ao nível de todas as arbitragens europeias” frisando que há erros que se cometem em toda a parte do mundo e não só em Portugal.
“Quando cheguei à Primeira Divisão é que comecei a perceber que errava. E por uma razão simples: a televisão está lá, mostra os diversos ângulos e mostra muito aquilo que são as nossas fragilidades: por muito bom que um árbitro seja é impossível acertar em todas as decisões e há algumas que depois têm influência no resultado”, explicou.
No entanto, Pedro Henriques referiu que actualmente há uma diferença entre Portugal e outros países da Europa.
“Há alguns países como a Inglaterra, Espanha e Itália que têm a profissionalização e percebemos, claramente, que esses árbitros estão um passo à frente na perspectiva de que têm um registo de treino, têm disponibilidade, tempo e outras situações que lhes permitem estar mais bem preparados para a arbitragem, e esse é o passo que falta dar em Portugal”, frisou.
Refira-se que Pedro Henriques, de 43 anos de idade, é Tenente-Coronel do Exército e está na arbitragem desde 1990, tendo alcançado a primeira categoria em 2001.

Apostar na qualificação:
No âmbito do programa de formação do Conselho de Arbitragem da AFC, o Núcleo de Árbitros da Figueira da Foz pretende continuar a dinamizar este tipo de iniciativas.
“Vamos continuar a apostar na qualificação e vamos procurar trazer à Figueira da Foz os presidentes da Comissão de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Vítor Pereira, e da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Hermínio Loureiro”, destacou Armando Nascimento, presidente do NAFF.
Apesar das “limitações financeiras” o núcleo, através de parcerias com algumas instituições locais, quer “manter esta dinâmica e procurar oradores com qualidades na área do desporto, especificamente na área da arbitragem para que esta em Portugal seja cada vez melhor, mais competente e mais isenta”, conclui Armando Nascimento, Presidente da Direcção do NAFFF.
Horácio Antunes (AFC), Apolino Pereira (Conselho Arbitragem da AFC), Agostinho Correia (Núcleo de Árbitros de Lisboa), Rui Tavares (Núcleo de Árbitros) Marques Bom, Soares Pinto (Núcleo de Árbitros de Soure), José Carlos Rodrigues (Comissão Administrativa do Núcleo de Árbitros Beira Serra) marcaram presença nesta palestra.

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